O confete da Índia
No meio da composição, a coisa está lá e
quanto mais se mexe, mais é ouvida.
Como se por muitas horas, uma pessoa, no fundo
do poço, uivasse, se debatesse, não para ser salva mas para
continuar presa: consciente de que não foi esquecida, de que está
consigo mesma e com quem a puder escutar.
A coisa nunca irá se sentir em casa –
o conforto convida a coisa que dói na coisa a mudar de assunto.
A coisa vive sem ver o resto, vive mesmo sem querer viver
e persiste com a intenção de nascer no mundo de quem
se retira, de quem desiste.
Texto publicado no jornal 7x7, para a Bienal Sesc de Dança